sábado, 29 de dezembro de 2012

Conversas natalinas inuteis: os Reis-Magos

E mais uma vez chegou o Natal, e o fim de ano, e o começo de ano... e sabe o que temos nesta época? 

Além daqueles especiais de fim de ano na TV (que já se tornaram insuportáveis), de um monte de gente arrumando desculpa para se embebedar e de malditos Spans comerciais festivos entupindo sua caixa de e-mail; também temos nesta época aqueles ateus com seu fanatismo cego e irracional insistindo nas mesmas velhas questões e batendo nas mesmas teclas, tentando conseguir novos convertidos a sua “fé”...


Nesta época, como é mais do que óbvio, o principal alvo destes fanáticos é forçar contradições na história do nascimento de Jesus, chamado o Cristo, que é o que se comemora nesta época... E outros questionam sobre as origens pagãs do Natal.


Apologéticas sobre a “Estrela de Belém”


Um dos pontos natalinos nos quais algumas pessoas gostam de tentar dar uma de cult (e nem é só os ateus, os TJ também gostam de falar disto...) é criticar a tradição cristã da chamada “Estrela de Belém”, ou seja, a estrela (ou qualquer outro fenômeno astronômico) que teria guiado os reis-magos deste o Oriente até a manjedoura onde nasceria o menino Jesus.



Entre as alegações estão:

  1. Que os magos seriam astrólogos (por que observavam estrelas), e astrologia é condenada pela Bíblia, então não eram de Deus; e
  2. Que a estrela guiou os magos primeiro até Herodes, o qual teve o desejo de matar Jesus, então era “satânica”...


Agora, meu, olha se pra ser ateu não é preciso ter um fanatismo cego e irracional ao extremo, por que para se acreditar num troço destes tem que ignorar completamente contextos históricos, culturais e geográficos, dentre outros.

Tá, vamos pensar sobre estas coisas... Pra que as acusações pudessem ser levadas a sério, primeiro: para terem realmente sido “guiados pela estrela” os reis-magos deveriam ter realizado sua viagem em uma única noite (já que estrelas não são visíveis durante o dia né,...), o que é impossível.


Embora se desconheça as origens destes homens (o texto Bíblico apenas menciona que eles viriam do “Oriente”), historiadores sugerem que o mais provável é que seriam da Pérsia, ou alguma região próxima. Embora alguns chegam a propor que eles poderiam ter vindo até mesmo de algum local ao norte da Índia ou mesmo da China (embora estas teorias sejam muito duvidosas). Com certeza eles fizeram a viagem (que seriam uma larga travessia do deserto árabe) em uma caravana de camelos...
Provável cena da viagem...

Agora pensa, uma viagem de ônibus de São Paulo ao Rio de Janeiro (que é, tipo uns 400 km) já leva praticamente uma noite inteira (ressalto: de ônibus, que viajam em estradas e com velocidade média de uns 60 km/h), imagine uma viagem pelo deserto, à lombo de camelo (cuja velocidade máxima não ultrapassa os 15 km/h), da Pérsia até Jerusalém (que é quase três vezes a distância) sendo feita em uma única noite... Absurdo é pouco...


De fato, mesmo a tradição cristã, comemora o Dia dos Reis (em teoria, o dia em que os reis-magos visitaram o menino Jesus) em 6 de janeiro, ou seja, quase duas semanas depois do suposto nascimento do Messias (ou seja, 25 de dezembro, ou seja, Natal), já indicando um tempo de viajem... Claro que isto é apenas tradição, alguns estudiosos chegam a dizer que esta visita só teria ocorrido mesmo meses depois do nascimento. Um ponto a se considerar no texto Bíblico é que Herodes se informou com os magos sobre o tempo exato em que a “estrela” surgira, e, com base no que os magos lhe dissera, ele decidiu, no intento de eliminar Jesus, matar todas as crianças com menos de 2 anos, o que pode indicar que a viagem deles levou um bom tempo.



 Bem por falar em Herodes, o Grande (ou Heroides Magnus, se preferir), vamos chegar no ponto dos reis-magos visitarem ele primeiro.



Isto não quer dizer que a “estrela de Belém” tenha guiado alguém até ele. O fato é que os magos estavam lá no Oriente, ao que tudo indica, eles conheciam as profecias do profeta Daniel (דניאל, se preferir, ou Belt'shatzar para os babilônios), o qual se tornara “conhecido e respeitado” entre os sábios do Oriente (Daniel 2. 48, 5. 11), isto provável os permitiu calcular que a época do nascimento do “Escolhido” (que pode ser uma tradução livre do termo hebraico “Messias”) para ser o Rei Ungido do povo de Israel (ou seja os judeus), o sinal celeste, ou seja a bendita estrela, lhes apontando a direção do oeste (ou seja, Jerusalém) fora entendida como a confirmação de tal fato (na antiguidade era comum associar fenômenos astronômicos com o nascimento de pessoas importantes).




Assim com a crença no nascimento de um novo monarca no mundo, os reis-magos organizaram uma caravana e partiram para a “cidade da paz” (pra quem não sabe, este é o significado do nome Jerusalém), na época, capital da província romana da Judeia (ou Iudaea, se preferir), onde viviam os judeus. 


Mas, peraí, quem diabos eram estes magos!?


Bem, acho que aqui podemos abrir um parenteses, para refletir melhor sobre quem seriam os tais reis-magrosmagos.
Segundo a tradição, olha eles ai
 
Primeiro, acho que vale ressaltar que a Bíblia mesmo não fala nada deles, a não ser a rápida menção no capítulo 2 do Evangelho de Mateus, que os descreve simplesmente como “uns magos vindos do Oriente”.Até mesmo os chamados evangelhos apócrifos nada a mais que isto fala deles.


Bem, a tradição cristã diz que eram três, e chega inclusive a lhes dar nomes (Melchior, Balthazar e Gaspar) e dizem que estes vieram de locais diferentes, sendo um deles de algum lugar próximo ao mar Cáspio (ou seja, Ásia Central), outro da Mesopotâmia (atual Iraque) e outro ainda do sul da península árabe.


Porém, historiadores geralmente formulam versões distintas.


Talvez a primeira questão é que não existe qualquer evidência de que seriam três os “reis-magos”, mencionam-se apenas três tipos de presente, mas nada leva a crer que seria cada um de um visitante (o que inclusive é bem pouco provável, considerando a cultura da época...). De fato, a Bíblia mesmo fala “alguns”, e algumas versões apócrifas chegam a dizer “muitos”.


Agora quando a origem dos mesmos, o mais provável mesmo seria a Pérsia (acho que já falei isso...), ou regiões próximas, sendo provável que seriam sacerdotes zoroástricos (ou seja seguidores do Zoroastrismo, que era religião oficial da Pérsia antes do advento do Islã, a qual era monoteísta e fortemente influenciada pelo judaísmo antigo).  Alguns inclusive defendem que o termo “mago“ seria uma má tradução do termo magi, denominação que era data aos sacerdotes desta religião. Apesar de atualmente, “mago“ ser verdito como sinônimo de feiticeiro, nas épocas antigas teria um significado de “sábio”, motivo pelo qual algumas traduções trazem reis-sábios ao invés de reis-magos.


De fato alguns descrevem estes magis como astrólogos, porém, na antiguidade não existia divisão estre as ciências, e os “sábios” geralmente eram letrados no que hoje seriam consideradas diversas ciências, mas na época era apenas conhecimento. Neste ponto entramos no ponto dos magos serem astrólogos e astrologia ser condenada pela Bíblia, porém o que se vê sendo condenado na Bíblia são as tentativas de previsão do futuro através da feitiçaria (todas elas). A simples observação dos astros (como parece ser praticada pelos magos), não parece ser condenada pelas Escrituras, visto que o próprio Deus anunciou que o cumprimento de sua Palavra muitas vezes teria por sinais fenômenos celestes (ou seja no céu!), exemplo? “E o sol escurecerá, e a lua se tornará em sangue antes que venha o grande e temível Dia do Senhor” (Joel 2.31) Ou seja, se fosse proibido se atentar aos fenômenos celestes, Deus não anunciaria alguns deles como sinais de seus eventos, faz sentido, não?.


Outro ponto a favor dos magis serem persas é sua descrição num evangelho apócrifo, chamado “O Evangelho Árabe da Infância”, no capitulo 7, diz que os magos vieram conforme profetizara Zoroastro (o fundador do zoroastrismo, caso não tenham sacado...), e também em alguns enxertos ao chamado “Evangelho Armênio da Infância”, existem mais indicações que parecem fortalecer tal teoria, inclusive ali o nome de um deles é mencionado como Melkon (mas isto pode ser posto em dúvidas né...).

Agora voltando a visita à Herodes...

Olha ai o cabra, o tal de Herodis!


Bem, agora que dissertei exaustivamente sobre os magos, voltamos a visita à Herodes. Bem o fato é, que um bando de estrangeiros chegaram procurando um recém-nascido que seria o futuro novo rei do povo judeu... Bem nada faria mais sentido do que se este novo rei, fosse o filho do atual rei. Então, não se pode descartar a teoria de que os magos acreditavam que o recém-nascido seria filho de Herodes (que era o atual rei dos judeus)... E também é provável que eles chegariam a cidade durante o dia (digamos que há, pelo menos, 50% de chance disso rsrsrs), quanto não se podem ver estrelas...



 Tá agora pensa, estrangeiros vieram a capital de uma província, com o proposito de presentear o novo recém-nascido filho do monarca (que seria o novo rei no futuro), obviamente esta seria uma visita formal e ocorreria durante o dia. Acho que vale ressaltar que os magos não eram judeus, e portanto não buscavam nenhum Messias ou qualquer coisa do genero, mas apenas o líder (ou rei) prometido ao povo de Israel por algum profeta (muito provavelmente Daniel), nota-se no texto que eles nem sequer sabiam de toda a profecia, pois desconhecia o fato de que o “Escolhido” nasceria em Belém.




Bom, agora, um ponto a mais, se uns caras que vivam pra lá de Bagdá (literalmente, apesar que ainda levariam mais de 700 anos pra esta cidade ser fundada...), que nem tinham a profecia completa, se tocaram que o tempo do “Escolhido” surgir tinha chegado, alguém acredita que pelo menos alguns dos judeus também não haviam se tocado?! Então, com certeza, por toda a terra de Israel, e principalmente em Jerusalém, tinha tipo aqueles loucos com cartazes “o Dia do Senhor está próximo! Convertam-se!”, e outros que alegavam ser eles próprios o “Escolhido” (como tem até hoje né...). 

Então chega uma caravana de camelos, com estrangeiros perguntando pelo recém nascido príncipe dos judeus... Herodes não tinha dito nenhum filho (provavelmente a esta época já estaria velho e broxa... rsrsrs), então foi questão de ligar um ponto a outro, Herodes ficou com medinho de perder o trono (ou seja, ficar pobre!) e deu no que deu...




Bem acho que já escrevi demais...



Finalizando (finalmente...)



Bem, embora este post tenha um titulo natalino, ele não ficou pronto a tempo e foi postado bem depois... mas tudo bem, por que ele também trata dos reis-magos, então vale até o dia 6 de janeiro! (rsrsrs)


Bem pra não perder a oportunidade:
Feliz ano novo a qualquer um que ler isto aqui!

(embora não se iludam, e nem sejam idiotas, o próximo ano vai ser igual ou, mais provável, ainda pior que este, então...)



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